4.3.12

de muitas coisas que precisam ser derramadas


numa nova jornada, que por pouco não se parece mais um daqueles seriados que me viciam e me prendem da cabeça aos pés, ouvi mais uma vez a frase: "por opção, não quero ter filhos". por mais indignação que isso possa atrair, confesso que vi uma doação incrivelmente linda por trás disso. às vezes ter a opção é o sustento, às vezes o delírio dos que não têm por prática a decisão. qual o problema de uma pessoa pensar na dedicação a si própria? o problema é quando essa dedicação pára por aí. mas no caso acima citado foi em nome da doação ao saber, da prática deste saber em função do próximo. e tem coisa mais bonita que isso?

desde sempre sou a menina que prefere ficar sozinha, que nunca quis se casar ou ter filhos. que prefere o conhecimento à perda de tempo.  nunca me vi com uma vida que eu já conheço de cor e salteado, assistindo de camarote. fiz o que pude, e o que não pude, para desviar meu caminho e quase o terminei antes da hora. e isso se fez pesado por muito, e muito, tempo. hoje pesa dum jeito diferente. interessante isso de atribuir valores absolutamente opostos às mesmas coisas.

e mesmo sabendo exatamente o que queria, vivi tantas outras coisas absolutamente opostas. cavei o meu poço infinito, me distraí com as luzes alheias, me diverti com elas também. envolvi muito de mim nisso, e não me arrependo. não me arrependo simplesmente porque isso me trouxe de volta o foco do qual eu precisava, porque mais do que nunca me trouxe, literalmente, de volta à vida. e por mais que eu morra todos os dias, não morro aos poucos, a minha intensidade não me permite. viajo pelos meus próprios extremos, e vivo nesse loop eterno de vida e morte, e vida novamente.

embora não esteja provida de opções, não tenho me sentido exatamente frustrada. e o que antes parecia se destoar tanto de um propósito de vida, hoje faz claramente todo o sentido. continuo a "menina" que prefere ficar sozinha, que nunca quis se casar ou ter filhos. mas sou também aquela que se doa até se sentir esgotada, que se desgasta por isso mas que insiste na doação e se sente feliz, apesar de tudo, por ser assim. e, involuntariamente, me percebi alguém que precisa sim de um pouco da normalidade da vida. que precisa ter o coração massageado de vez em quando pra saber que ele ainda existe e que apesar de doado, bate só em mim.

sabe essa visão embaçada de quem precisa de uns detalhes pra se distrair enquanto busca o que realmente quer? necessidade de se distrair, de fazer ficar mais leve. mas às vezes a gente se dristrai muito, mais do que o necessário, e começa a doer...

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