3.12.07

os ventos da menina

há muito perdera-se na intimidade que impôs ao todo. não longe: viu que era, também, o todo. recusava entender cada um de seus sopros, mas os admitia - revoltos ou não. se pudesse dizer dos ventos dentro de si.. ainda assim insistiria em colocar a culpa na chuva, que um dia molhou os olhares que teve e depois de se envolver com o calor do coração sublimou-se (sem esquecer da inóspita razão). era chuva. até chegar a seca, era chuva. veio uma aridez maculada: aridez dos olhos, da desrazão, da brancura de espírito. não que a menina se incomode com as estações da própria alma. ela até gosta da chuva, do silêncio e do frio. elas nada têm a ver (e haver) com a tristeza que sente. talvez tenham colaborado na falta de desespero, em tornar plácidos os próprios ventos.

4 comentários:

livia soares disse...

Olá, Marcella.
Palavras e silêncios são também nomes que podem ser dados às estações interiores de todos nós.
E eu sei que a melancolia produz paisagens lindas. Só não podemos confundir placidez com apatia... eu estive pensando: e se um dia a menina aprendesse a gostar de dançar? E também escrevo para dizer que estou com saudades das tuas visitinhas.
Um abraço.

livia soares disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Henrique Leiros disse...

Eu entendo a menina por um viés não usual, já que ela costuma ser amiga das coisas mais ou menos insondáveis.
Como a passagem das estações internas, que sempre se mesclam nas pontas e nunca se sabe ao certo a hora exata em que o inverno chegou ou se a primavera floresce.
Existe, sim, a surpresa. E a menina se percebe tão infinita quanto seus pensamentos.
Abraços do
Ch

Anônimo disse...

Acho que a menina.. Talvez.. quem sabe, guarde dentro de si uma sensação de que "há algo de diferente" no ar, e até mesmo nos momentos de mais profunda tristeza, ela consegue achar resquicios de esperança...

 

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