às vezes eu paro muito cedo para tirar as minhas conclusões. às vezes eu entendo o quão desavisada eu sou sobre a minha própria vivência. às vezes eu fico tentando mostrar a Deus o quanto eu tento, mesmo que isso não me leve a lugar nenhum. noutro dia, numa entrevista de emprego, ao sermos solicitadas a falar sobre um acontecimento engraçado em nossas vidas, uma menina deixou escapar (não sei se propositalmente ou se ela realmente precisava jogar isso para fora de si) que não conseguia se lembrar de um acontecimento engraçado. disse que a luta dela era tão intensa e tão antiga que só via sofrimento nos passos deixados para trás. a intenção aqui não é dizer sobre a hora propícia de um desabafo, mesmo porque tem gente fazendo isso a todo instante e de diversas maneiras. a intenção é uma auto-reflexão sobre a quantidade de gente que não sabe exatamente o que sente. muita gente mesmo. seja a supervisora que tem um semblante cansado e me abraça nos corredores do trabalho, mesmo que nós não sejamos íntimas para isso e todos pensem que ela é um carrasco. seja a tia que é auto-declarada depressiva e não faz nada para mudar, ou pela outra tia que não esteve presente num certo momento crucial e se dizia tão forte para certos "males da alma". hoje é tão mais complicado que uma simples indignação por ver o mundo assim, é tão mais complicado do que as lágrimas daqueles momentos sutis. tem gente sofrendo a todo instante por aí. sofrendo por um amor, por dor, por saudade, por fome, por medo, por dinheiro, por si mesmo. se eu pudesse colocar cada um dessas gentes na palma da mão, acolher da ventania, e depois estar junto pra dizer que tudo um dia fica bem. mas eu sou só mais uma gente.
EU MAL CONHEÇO VOCÊ
Há 4 anos
5 comentários:
Olá, Marcella.
Permita-me uma observação: vc até pode ser "mais uma gente" que sofre. Mas as reflexões da menina tocam profundamente o leitor atento e isso não é para qualquer um. Se a gente não se conecta com a dor, também não se conecta com o prazer de estar vivo. E, sem viver plenamente, não se pode compreender o sentido dessa jornada. As anotações da menina ajudam bastante...
Um abraço.
"a intenção é uma auto-reflexão sobre a quantidade de gente que não sabe exatamente o que sente."
Vizinha, essa frase sua foi muito sábia. Com certeza, às vezes me sinto assim...
Beijo.
te gosto.
Concordo com Lívia...
Importa pouco saber se existe lenitivo para o caos, mas principalmente porque gestos, palavras e intenções sinceras são muito valiosos hoje em dia.
São essas manifestações que nos enobrecem e que fazem a menina ser assim tão grande.
Abraços do
Carlos
oops...
Carlos, não!
Ch
a diferença é que, vc é uma gente que sabe dessa sutil diferença, ... do sofrimento, do mundo. a sutil diferença é, querer fazer alguma coisa com isso,
talvez, já esteja fazendo!
; )
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já disse que sou sua fã?
e q nem precisei de mt?
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beijos!
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